8 de novembro de 2010

Dora,
que mala pesada
é essa
em tuas mãos?

- é a culpa
da lucidez que causei
do sangue estancado na barriga vazia
das algemas trancadas em meus abraços

é a culpa
do que não aconteceu comigo
das pessoas que até hoje não conheço
de tudo que veio depois de mim

se ao menos eu pudesse
jogar esta mala no passado
e fazer escorrer o sangue

faria daquele útero
um pacote pra desejado presente

assim,
leve de mim
carregaria desculpas
por não ter nascido.

Um comentário:

Moni Saraiva disse...

Quanta força a remexer com o tempo e as culpas...

O que se faria
o que seria...
mera conjugação tardia.

Lindo poema, querida!

Adorei o novo layout tb!

Abraços, Moni